quinta-feira, 11 de março de 2010

Parabéns, miúdo!

Porque eu também mereço desejar-me os parabéns pelo meu aniversário.
E, claro, obrigado mãe.

"Querido Sam,

Escrevo-te esta carta junto ao mar. Esta manhã, quando saí do quarto e comecei a planear o meu dia, mentalmente, não estava a prestar atenção ao oceano, nem às ondas. Mas, lá fora, as ondas ganhavam forma, num mar tranquilo, que se estendia a perder de vista. Com movimentos firmes, as ondas batiam na praia, enquanto a alguns metros de distância novas ondas se formavam.
Tudo isto continuava, enquanto eu estava ocupado a planear o meu dia e a fazer uma lista dos telefonemas que tinha de fazer. As ondas passavam despercebidas, tal como os cheiros e os sons à minha volta. A minha respiração e até as emoções verdadeiras me passavam também despercebidas.
Quanto tempo faltaria para que, no meio das minhas múltiplas tarefas, a minha vida passasse despercebida?
(...)
Sam, quando vivi o momento presente contigo e reparei no que estava a acontecer nesse momento, senti uma grande alegria. Quando a minha mente foi para o passado e para o que perdera, senti dor. Quando a minha mente foi para o futuro e para o que eu desejava, também sofri.
Há tantos de nós, adultos, que sofremos porque estamos a tentar viver a vida que já tivemos ou à qual aspiramos. Naquele dia, tu lembraste-me que a vida é muito mais doce quando vivemos a que temos.
Obrigado."

in "Cartas para Sam", de Daniel Gottlieb